O paĂs inteiro emudeceu com as palavras dilacerantes do pai de Susana Gravato, proferidas em lĂĄgrimas diante das cĂąmeras e dos repĂłrteres que acompanhavam o funeral da vereadora de Vagos. A voz embargada, o olhar perdido e uma dor impossĂvel de descrever marcaram o momento mais comovente desde o inĂcio desta tragĂ©dia que abalou Portugal.

âPerdi uma filha para a morte⊠e um neto para a vida. NĂŁo sei se vou suportarâ, disse o homem, entre soluços, antes de ser amparado por familiares.
A declaração gelou o ar e deixou todos em silĂȘncio. NinguĂ©m conseguiu conter as lĂĄgrimas. O sofrimento transbordava â um pai que enterra a filha e, ao mesmo tempo, vĂȘ o neto de 14 anos tornar-se o rosto de um crime que ninguĂ©m consegue explicar.
Testemunhas relatam que, durante o velĂłrio, o pai de Susana manteve-se junto ao caixĂŁo por longos minutos, segurando uma fotografia antiga da filha em criança. âEla era o meu orgulho, o meu tudoâ, repetia baixinho, quase sem voz.
Fontes prĂłximas da famĂlia contam que ele nĂŁo dorme desde o dia do crime, e que repete sempre a mesma frase: âSe eu pudesse, trocava de lugar com ela.â
A comunidade de Vagos assiste, impotente, ao sofrimento de um homem que perdeu tudo. Um homem destruĂdo entre a morte trĂĄgica de uma filha e o destino incerto de um neto que o paĂs inteiro aprendeu a temer e a lamentar ao mesmo tempo.
âPerdi uma para a morte e outro para a vidaâ â uma frase que ecoa como um grito de dor em toda Portugal, e que ficarĂĄ marcada para sempre na histĂłria desta tragĂ©dia.