Na noite desta quinta-feira, LuĂs Montenegro dirigiu-se aos portugueses numa conferĂȘncia de imprensa transmitida em direto, apĂłs uma reuniĂŁo extraordinĂĄria do Conselho de Ministros, realizada em Viseu. O tema central foi a situação dramĂĄtica dos incĂȘndios que continuam a devastar o Centro e o Norte do paĂs, especialmente na Beira Interior e na Serra da Estrela, que arde hĂĄ jĂĄ nove dias consecutivos.
Questionado sobre a possibilidade de o Governo decretar o estado de calamidade, tal como tem sido exigido por alguns partidos da oposição, nomeadamente o PS, o primeiro-ministro surpreendeu ao afirmar que ânĂŁo hĂĄ nenhuma necessidade de estarmos a decretar este estadoâ.
Montenegro justificou a decisĂŁo explicando que âo efeito Ăștil que se pretenderia Ă© aquilo que resulta precisamente da lei que acabĂĄmos de aprovarâ, referindo-se a uma nova legislação que confere ao Executivo poderes semelhantes aos do estado de calamidade, sem necessidade de o formalizar.
O primeiro-ministro revelou ainda que o Governo aprovou um ânovo instrumento legislativoâ, que serĂĄ aplicado sempre que se verifiquem situaçÔes de catĂĄstrofe natural como os incĂȘndios que afetam o paĂs. Este mecanismo permitirĂĄ lançar rapidamente concursos e programas de apoio Ă s autarquias, de forma a acelerar a reparação de infraestruturas danificadas.
Entre as regiĂ”es mais atingidas, destaca-se a Serra da Estrela, um dos parques naturais mais emblemĂĄticos de Portugal, onde as chamas tĂȘm destruĂdo vastas ĂĄreas de floresta desde o inĂcio do fogo em Arganil (distrito de Coimbra).
Com esta decisĂŁo, LuĂs Montenegro procura transmitir confiança e reforçar a capacidade de resposta do Governo, ao mesmo tempo que evita um cenĂĄrio de alarme nacional. Contudo, a sua recusa em declarar o estado de calamidade promete alimentar o debate polĂtico e intensificar as crĂticas da oposição, que acusa o Executivo de subestimar a gravidade da situação.
Enquanto o paĂs continua a lutar contra as chamas, a mensagem do primeiro-ministro marca um ponto de viragem na gestĂŁo polĂtica e legislativa das catĂĄstrofes naturais em Portugal.